
Wilson Gorj (1977) é natural de Aparecida (SP), onde ainda mora. Sempre
gostou de imaginar histórias e, ao entrar em contato com a literatura, passou a
escrevê-las. Seu estilo favorito é o das micronarrativas. As agora apresentadas constam
de seu livro "Sem contos longos", Editora do Autor, 2007. |
Sem contos longos
Wilson Gorj
- Passou a vida inteira correndo atrás do Futuro... e não percebia que assim
atropelava
o Presente.
- Corria como um louco! Atrás de si, deixava dez anos de hospício...
- Era um sujeito indefinido.
Quem?
Alguém.
- "Malcriado! Surdo é seu pai!!"
"Eu disse SUCO", berrou o neto. "O senhor quer suco?"
- O touro veio bufando em sua direção!
Tentou fugir, mas foi atingido pelas costas...
Nem todos os cornos são mansos.
- Entregou-se ao mar de corpo e alma.
Infelizmente, só foi aceito pela metade.
As ondas devolveram o corpo à praia.
- A cigana lhe deu apenas mais dois dias de vida.
Quis provar que ela estava errada e se matou duas horas depois.
- Por mais que tentasse se lembrar, a palavra não lhe vinha à lembrança.
Tanto tentou e demorou que, quando finalmente veio, já não se lembrava mais por
que
queria lembrá-la.
- A noiva fugiu com o pastor da igreja.
Enfurecido, o noivo trocou a Bíblia por uma arma e jurou vingança.
Haveria de encontrá-los. Nem que fosse no inferno!
- A solteirona perdera a conta de quantas velas acendera em rogo a Santo Antônio.
Na solidão do seu quarto, ela também se consumia em vão.
- Sempre jogava na loteria. Um dia acertou na quina.
Mas seus pulos não foram de alegria. Foram de dor.
Nem todas as quinas são de sorte. Algumas são de mogno.
E-Mail: wilsongorj2507@itelefonica.com.br
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