Navegar é preciso. Viver também
Vaniele Medeiros da Luz
É primavera. Fim de tarde. Uma xícara de café e sento-me na varanda do apartamento.
Entre paredes riscadas e frondosas árvores, vejo o mar. A praia está deserta, há apenas
umas pequenas embarcações mar a dentro. Pensamentos. Brisa. Um gole de café. E as
ondas? Elas são água e espuma por um instante e acabam no vão, em meio ao nada.
Silêncio. Andorinhas e um sol maravilhoso aceso no céu azul. Agora uma mulher desenhando
na areia seus passos. Ela está vestida de branco, cabelos ao vento. Está quente. Ela
entra na água pouco a pouco e avança. Mas o que ela está fazendo? Talvez queira
relaxar, esquecer da vida, de si mesma. Agora já não sei. É estranho. Tenho sensações
estranhas. Calafrios. Preciso ajudá-la. Como? Estou tão longe, longe de tudo e de todos.
O que está acontecendo? Não a vejo. As árvores impedem-me de vê-la. Entro. Desço a as
escadas. Um único pensamento invade minhalma. Porque não a ajudei? E se ela
morrer? Ponho os pés na areia. Respiro fundo. Um grupo de pescadores está com a moça.
Caminho lentamente contra o vento suave. A mulher está desacordada. Suicida? Acidente?
Afogamento? Suposições são muitas. Os olhos abrem-se. Gritossssss. Porque ainda está
batendo? Meu coração? Eu quero morrer, morrer! Suicídio, agora não há dúvidas. Esta
foi a causa. A moça é levada às pressas ao hospital. Eu retomo o caminho de volta,
inspirando a maresia. Agradeço pelo simples ato de VIVER.
E-mail: vaniele_luz@hotmail.com
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