Mas será o Benedito?
Mario Prata
Mario Prata, mineiro de Uberaba, tem um vasto currículo: como jornalista esteve no
Pasquim; Folha de São Paulo; Estadão; Status; Careta; no teatro com as peças Bésame
Mucho; Cordão Umbilical; Fábrica de Chocolate; na televisão com Estúpido Cupido;
Helena; Dinheiro Vivo; na literatura com os livros O homem que soltava pum; O morto que
morreu de rir; Schifaizfavoire - Dicionário de Português; Filho é bom, mas dura muito;
Mas será o Benedito?, Diário de um magro e Minhas vidas passadas (A limpo) e outros. Tem
também participações em cinema e vídeo, tanto aqui como no exterior.
Hoje selecionei algumas pérolas de "Mas será o Benedito?", Editora Globo - Rio
de Janeiro,1997, págs. diversas, no qual o autor parte em busca das origens de 419
provérbios, expressões e ditos populares brasileiros. Ao longo do caminho, inventa
histórias improváveis, conta mentiras deslavadas e se entrega a especulações
mirabolantes tudo, é claro, com muito humor. Vamos a elas:
1. as aparências enganam:
Significativo: Nem tudo aparenta o que realmente é.
Histórico: Esta é fácil. Todo mundo sabe que a expressão surgiu naqueles parques de
interior onde havia espelhos que deformavam nossa imagem. Num a gente ficava alto e
fininho e no outro baixo e gordinho.
2. bater caixa:
Significativo: Conversar, jogar conversa fora
Histórico: Antigamente os bancos não tinham as filas de hoje e todo mundo se conhecia.
Quando um cliente ia ao banco, à caixa, ficava ali a "bater caixa", jogando
conversa mole com o funcionário, até que aparecesse outro cliente. Hoje em dia é
impossível "bater caixa" num banco.
3. brincar com fogo:
Significativo: Meter-se em coisas perigosas.
Histórico: segundo o professor Alcides Capella, estudioso das guerras francesas, a mãe
de Joana D'Arc teria dito para ela parar de "brincar com fogo". A sapatona, como
você sabe, teimosa, não deu ouvidos à suplicante mãe. Deu no que deu.
4. cutucar a onça com vara curta:
Significativo: Meter-se onde não se deve, abusar da situação, estar em perigo
iminente.
Histórico: Isso era uma brincadeira que os lacaios da corte faziam com Dom João VI,
famoso pelo pequeno pênis. "Onça" era o apelido (entre os serviçais) de Dona
Carlota Joaquina, que, dizem, batia muito em Dom João VI, porque ele nem sempre gostava
de abusar da situação sexual. Não se sabe ao certo se por causa da vara curta. Mas,
como diria Marta Suplicy, "o importante não é o tamanho da vara de condão, mas sim
a mágica".
5. quebrar a cara:
Significativo: Dar-se mal.
Histórico: A expressão é deste século e americana. Surgiu quando começaram a colocar
grandes portas de vidro nas lojas de Nova York. Nunca se sabia se estavam abertas ou
fechadas e os americanos, muitas vezes, "quebravam a cara" indo de encontro ao
vidro. Já deve ter acontecido com você também.
Conheça a vida e a obra de Mario Prata visitando "Biografias".
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