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Sonetos satíricos
Helena Ferraz
(Álvaro Armando)
Da mentira
Fui perguntar à Mulher
Por que mentiras dizia.
Respondeu ela : Que quer?
É só por necessidade.
0 Homem não me creria,
Se eu lhe dissesse a Verdade.
Flash
Uma pergunta "clichê"
Sai no beijo dos amantes:
Por que, meu amor, por que
Não nos conhecemos antes?
E eu respondo pra consolo:
Se isto houvesse acontecido,
Você agora, seu tolo,
É quem seria . . . o marido.
Como nos tempos de George Sand e de George Eliot, Helena Ferraz escrevia com
o pseudônimo de "Álvaro Armando". Sua natureza satírica lhe impôs essa
necessidade e ela escolheu um masculino, que mais justificaria a agressividade, composto
com os nomes de seus filhos. Filha de Bastos Tigre, revelou talento incontestável,
começando como colaboradora do pai na coluna "Pingos e Respingos", no jornal
"Correio da Manhã", e depois, em "O Globo", com coluna própria,
intitulada "Na boca do Lobo". Cultivava o humorismo ao gosto popular, com
verdadeiros achados satíricos em versos, como os acima, extraídos de "Antologia de
Humorismo e Sátira", Ed. Civilização Brasileira Rio de Janeiro, 1957, pág.
384, organizada por R. Magalhães Júnior.
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